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Nas imagens de protestos contra o governo Trump， entre as faixas que associam Elon Musk ao nazismo e denunciam um golpe constitucional nos EUA， um observador mais atento pode perceber uma acusação bem mais inocente: "Elon Musk rouba em ‘Diablo’".

Fã de videogames， Musk gosta de se gabar nas redes sociais por suas proezas nos jogos eletrônicos em meio a comentários criticando a indústria "woke" dos games.

Em entrevista ao podcast de Joe Rogan em novembro， ele afirmou que ficou entre os 20 melhores no ranking mundial do popular jogo de RPG de ação "Diablo IV". Mais recentemente， apareceu em lives jogando com um personagem de altíssimo nível em "Path of Exile 2"， outro RPG de ação.

Esses games têm comunidades competitivas com jogadores extremamente habilidosos， que dedicam a maior parte das horas dos seus dias jogando para alcançar feitos semelhantes， o que levantou uma dúvida. Como um CEO e acionista de grandes empresas como Tesla， SpaceX e X， em meio a uma cruzada de corte de gastos no governo dos EUA， consegue jogar videogames nesse nível?

Sua live em "Path of Exile 2" deu pistas. Jogadores veteranos perceberam que Musk cometeu erros de principiante， como， por exemplo， pegar itens irrelevantes e se gabar de status de equipamentos que não eram importantes para seu personagem.

Estaria o bilionário praticando "account boosting"， ou seja， pagando para jogadores profissionais melhorarem seu personagem? A prática é vista na comunidade gamer como uma forma de trapaça， passível inclusive de punição segundo os termos de serviço de alguns jogos.

A dúvida virou certeza quando o streamer de "Diablo" NikoWrex postou um vídeo no YouTube com uma conversa sua com Musk em que o empresário admite a prática. "É impossível vencer os jogadores da Ásia se você não fizer [‘account boosting’]， como eles fazem!"， afirmou Musk na conversa.

Os jogos são mais do que um passatempo para Musk. Ele vê na indústria um importante campo de batalha da guerra cultural entre progressistas e conservadores.

Com a fama de "gamer de elite"， ele ganha crédito com alguns jogadores， que acabam prestando atenção quando o empresário， por exemplo， acusa desenvolvedores de incluírem "ideologias esquerdistas" nos jogos.

Mesmo ações mínimas de inclusão， como a possibilidade de escolher os pronomes de um personagem em um jogo de fantasia， são criticadas pelo bilionário como "propaganda woke" e uma prática "inaceitável".

Sua mais recente promessa para combater essa suposta ameaça progressista e "fazer os videogames bons de novo" é desenvolver seus próprios jogos. No entanto， o anúncio parece mais propaganda da nova versão da sua inteligência artificial， a Grok 3， do que um investimento concreto na indústria de games.

Na última semana， em apresentação da nova versão da ferramenta， o bilionário fez uma demonstração em que a ferramenta cria jogos simples， estilo "Tetris".

Em mensagem no X reproduzindo post de um usuário que criou uma cópia de "Asteroids" usando a plataforma de IA， Musk demonstra animação e afirma que "agora， é apenas uma questão de aumentar a resolução gráfica para o Grok superar os jogos AAA [como são chamados os títulos de grande faturamento]".

A afirmação é um grande exagero. Ou entãoquero ver joguinho， Musk desconhece completamente a complexidade dos jogos de hoje. Seja como for， um futuro em que máquinas substituem totalmente a criatividade humana para a criação de jogos de primeira linha ainda está bastante distante.

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